Literatura

Origem




A literatura gótica inicia-se no fim do século XVII, na Inglaterra, com a obra O Castelo de Otranto (1764), de Horace Walpole. As principais carácteristica dos cenários góticos são até hoje os  castelos, construções em ruínas, igrejas, florestas, com personagem sempre melancólicos (donzelas, cavaleiros).   Outras leituras possíveis da literatura gótica envolvem destacar nos romances o uso da psicologia do terror (o medo, a loucura, a devassidão sexual, a deformação do corpo), do imaginário sobrenatural (fantasmas, demônios, espectros, monstros), das reflexões sobre o Poder (colonialismo, o papel da mulher, sexualidade), da discussão política (monarquismo, republicanismo, as Revoluções, a industrialização), dos aspectos religiosos (catolicismo, protestantismo, a Inquisição, as Cruzadas), das concepções estéticas (neoclassicismo, romantismo, o Sublime) e filosóficas (a Natureza, Platão, Aristóteles, Rousseau), além de outras possíveis chaves interpretativas.


Desde o início a palavra gótico fez referência aos Godos, povo responsável por invadir e destruir o império romano no século IV. 
O castelo de Otranto (1764) foi considerado um grande sucesso,fazendo com que os autores posteriores preferissem aquela nova narrativa estranha e pouco sofisticada. De 1764 á 1820, muitos escritores ingleses se destacarão no gênero gótico, mas um em questão foi responsável por influenciar vários escritores brasileiros.


George Gordon Byron, 6º Barão Byron  (Londres, 22 de janeiro de 1788 — Missolonghi, 19 de abril de 1824), melhor conhecido como Lorde Byron, foi um destacado poeta britânico e uma das figuras mais influentes do Romantismo, célebre por suas obras-primas, como Peregrinação de Child Harold e Don Juan (o último permaneceu inacabado devido à sua morte iminente). Byron é considerado como um dos maiores poetas europeus, é muito lido até os dias de hoje.


Além da Inglaterra a proliferação da literatura gótica chegou a outros lugares do continente europeu, principalmente na França representada pelos os grandes autores de histórias extraordinárias como Prosper Mérimée, Gustavo Adolfo Bécquer, e na Alemanha com E.T.A. Hoffmann. 





Literatura gótica no Brasil




O vampirismo,o amor a morte e o ambiente noturno são elementos da tradição gótica, introduzidas na literatura brasileira pelo paulista Álvaro de Azevedo e por outros poetas da 2º geração do romantismo.  A segunda geração do romantismo intitulada gótica sofreu forte influência do poeta inglês Lord Byron, autor de  uma criação poética agressiva contra a sociedade.


 Os autores dessa geração também são conhecidos como "byronianos". As principais características da geração são: o individualismo, egocentrismo, negativismo, dúvida, desilusão, tédio e sentimentos relacionados à fuga da realidade, que caracterizam o chamado ultra-romantismo. São temas recorrentes nas obra dos autores da segunda geração: a idealização da infância, a representação das mulheres virgens sonhadas e a exaltação da morte.

Também conhecida como Mal do século, a segunda geração romântica foi caracterizada pelo extremo subjetivismo, onde o culto ao “eu” revelava um extremo egocentrismo que culminava com o sentimento de morte, dúvida e obscuridade.
As principais figuras artísticas que se destacaram neste período foram: Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela.


Todos estes poetas não conseguiram atingir a plenitude de sua juventude, pois morreram precocemente atingidos pelas patologias advindas do modo de vida que levavam. Devido ao pessimismo já mencionado anteriormente, eles preferiam os lugares escuros, sombrios, úmidos para se estabelecerem, e ainda eram boêmios noturnos assíduos e tinham a bebida como foco principal, uma vez que esta funcionava com válvula de escape para os mesmos.



A tradição Gótica
 


 
A tradição da literatura gótica é representada pela prosa de Álvaro de Azevedo, por parte da sua poesia a Face Calibam, e por algumas contribuições  Bernado Guimarães e Junqueira Freire.
Essas produções representa uma ruptura não apenas como os padrões literários vigentes daquela época, estabelecidos pela primeira geração do romantismo, mas também com os próprios valores da sociedade. Trata-se em suma, de uma literatura  que a fronta o racionalismo e o materialismo burguês  e opta por  zonas escuras e enfrenta a lógica  do subconciênte, onde se fundem instintos de vida ou de morte, líbido e terror.


A literatura gótica sempre teve caráter marginal, de acordo com o sentimento de marginalidade, experimentado pelos escritores ultra-românticos, e Malharmé um dos pais do simbolismo francês; nos Estados Unidos, o poeta e prosador romântico Edgar Allan Poe; no Brasil, os simbolistas Cruz e Souza e Alphonso de Guimarães e o pré modernista Augusto dos Anjos.


Da década de 1960 em diante,o macabro tem encontrado adeptos  no cinema, na literatura e principalmente entre os grupos de rock, jovens e adolescentes alternativos que vêem nessa tradição uma forma de protesto contra a ordem social.


Escritores  Ultra-Românticos.




Álvares de Azevedo



Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna.


Passou a infância no Rio de Janeiro, voltou a São Paulo, em 1847, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde ganhou fama por brilhantes produções literárias. 
 
Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram fragmentos.
Não concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose pulmonar nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 21 anos.

Obras:

Devido a sua morte prematura, todos os trabalhos de Álvares de Azevedo foram publicados postumamente.
  • Lira dos Vinte Anos (1853, antologia poética);
  • Macário (1855, peça de teatro);
  • Noite na Taverna (1855, contos);
  • O Conde Lopo (1886, poema épico que resta apenas em fragmentos hoje);
Álvares de Azevedo também escreveu muitas cartas e ensaios e traduziu para o português o poema Parisina, de Lorde Byron, e o quinto ato de Otelo, de William Shakespeare.
 



Junqueira Freire





Luís José Junqueira Freire (Salvador, 31 de dezembro de 1832 — Salvador, 24 de junho de 1855) foi um poeta brasileiro.
Sua obra lírica divide-se em religiosa, amorosa, filosófica, popular (ou sertaneja) e alguma poesia social, de tom declamatório, precursora de Castro Alves.
Participou da segunda geração romântica.
Franklin Dória, que fundou a cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras, escolheu Junqueira Freire como seu patrono.


Obras:

  • Inspirações do Claustro, 1855
  • Contradições poéticas
  • Tratado de eloqüência nacional
  • Ambrósio

  • Casimiro José Marques de Timo Abreu (Silva Jardim, 4 de janeiro de 1839Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860). Embarcou para Portugal em 1853, onde entrou em contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. Em Lisboa, foi representado seu drama Camões e o Jau em 1856, que foi publicado logo depois. Em 1857 retornou ao Brasil.  Escreveu para alguns jornais e fez amizade com Machado de Assis. Escolhido para a recém fundada Academia Brasileira de Letras, tornou-se patrono da cadeira número seis. Igualmente a Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu também morreu em função da tuberculose.

     Teatro

    • Camões e o Jau (1856)

     Prosa Poética

    • A virgem loura Páginas do coração (1857)

     Romance

    • Carolina (1856)
    • Camila (inacabado) (1856)


      Fagundes Varella





      Luís Nicolau Fagundes Varella (Rio Claro, 17 de agosto de 1841 — Niterói, 18 de fevereiro de 1875) foi um poeta brasileiro, patrono na Academia Brasileira de Letras. Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos maiores expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Ingressou no curso de Direito (frequentado a Faculdade de Direito de São Paulo e a Faculdade de Direito do Recife), abandonou o curso no quarto ano. Fez parte da  transição entre a segunda e a terceira geração romântica. Casou-se duas vezes, o primeiro casamento aos vinte e um anos de idade,quando teve um filho que vei a morrer com 3 meses, no segundo casamento foi pai de duas meninas e um menino, que também faleceu prematuramente. Embriagando-se e escrevendo faleceu com apenas 34 anos de idade.
       
      Obras:
    • Noturnas - 1860
    • Vozes da América - 1864
    • Pendão Auri-verde - poemas patrióticos, acerca da Questão Christie.
    • Cantos e Fantasias - 1865
    • Cantos Meridionais - 1869
    • Cantos do Ermo e da Cidade - 1869
    • Anchieta ou O Evangelho nas Selvas - 1875 (publicação póstuma)
    • Diário de Lázaro - 1880


    Um comentário:

    1. Adorei este trabalho. Muito refinado e bem feito. Correspondeu à minha pesquisa.

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